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Li Edelkoort está no Yearbook Casa Vogue 2023

Trend forecaster – ou antecipadora de tendências – afirma que futuro passa pela valorização do orgânico, exaltação da beleza como instrumento de cura e pelo olhar para as nossas origens

 

Lidewij Edelkoor está entre os destaques do Yearbook 2023, a edição de colecionador de Casa Vogue que chega às bancas em tiragem de luxo com capa dura e papel diferenciado. No bate-papo exclusivo, a ativista, educadora e curadora fala sobre a mudança do eixo criativo do planeta e de suas observações do panorama de novos designers, estilistas e da sociedade global em seu conjunto.

 

Conhecida por trabalhar com imagens impactantes e por se expressar de forma simples e forte, a previsora de tendências faz uma análise inteligente de nosso tempos caóticos e aponta o amor e a beleza como resposta original aos desafios do momento. A seguir, confira alguns trechos da entrevista feita por Lili Tedde para Casa Vogue.

 

Em todos os últimos livros de tendências de lifestyle há muitas curvas, inspirações circulares, redondas… Sim, estamos vivendo um momento orgânico, e acredito que trato disso no livro Animism, em que sugiro que o designer encontre a forma, em vez de criá-la [“animismo” é a religião antes de todas as religiões, a crença de que tudo tem energia e alma]. No mundo natural, que inclui o corpo humano, tudo é curvilíneo, redondo, não há pontas.

 

No livro mais recente, você menciona a importância da beleza e as questões mentais que atingem cada vez mais as pessoas. Sim, no livro falo da dor que precisamos tratar, assim como do importante papel do artesanato e da beleza […]. Recentemente, foi provado que beleza é muito importante para a saúde mental. Há um livro prestes a ser lançado que vai explicar em termos neurológicos como a beleza impacta as pessoas, o que é muito interessante, pois mostra o quão necessário é o nosso trabalho. Ainda mais nestes tempos caóticos, em que tudo o que você precisa é de mais amor e beleza. Simples assim.

 

Quando a gente coloca vários talentos juntos no livro *Proud South, sejam eles fotógrafos, designers, artesãos de vários lugares do Sul global, a gente vê quão forte é esse DNA deles, tão diferente da criação que ocorre no Norte. Como poderíamos ajudar as empresas e as escolas a acreditarem nisso e entrarem na mesma onda em termos de criatividade?

 

É uma questão de educação, a individual e a coletiva, a das escolas e a das empresas. Essa consciência tem de crescer, precisamos ter mais testemunhos desse reconhecimento. Acredito que as escolas deveriam ensinar como as pessoas podem se apoderar de suas raízes e de suas origens. O reconhecimento da origem é importante, e é muito bonito, porque a palavra “original” tem raiz no termo “origem”. Se você quer ser original, e se pertence ao Sul, você não pode assumir uma forma do Norte.  Para designers e empresas, é vital que desenvolvam essa originalidade.

 

*Proud South livro de tendências de Li Edelkoort e Lili Tedde mostra que o eixo da criatividade global se modificou drasticamente. Os talentos agora vêm da América Latina e da África, assim como do sul e do sudeste da Ásia.A entrevista na íntegra pode ser conferida no Yearbook 2023, disponível em todas as bancas do país