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Arquiteto catarinense prioriza o respeito à história de cada ambiente para projetar espaços únicos

 

Casa Brisa de Gabriel Bordin, crédito de fotografia de Fábio Júnior Severo

 

Seja pela preservação de uma construção ou por meio do valor sentimental de objetos que representam pessoas queridas, o arquiteto Gabriel Bordin, de Florianópolis, valoriza as raízes em seus projetos. 

 

Cada construção, cada ambiente, cada projeto possui inúmeras histórias, sejam elas individuais ou de comunidades inteiras. Sabendo disso e sempre atento ao potencial de transformação que existe em cada espaço, o arquiteto catarinense Gabriel Bordin tem, cada vez mais, destacado a proposta de preservar a herança cultural de espaços e designs. 

 

Um exemplo disso, foi aplicado pelo profissional no projeto da “Casa Brisa”, localizada no prédio que abrigou um dos hotéis mais tradicionais da capital catarinense, o antigo Maria do Mar, no Bairro João Paulo. O espaço convida o visitante a sentir na pele a brisa do mar em um ambiente repleto de leveza, Bordin conseguiu transformar uma antiga garagem de barcos em um projeto único e que, sobretudo, mantém viva a história do lugar. 

 

Com uma área de 73,80m² e uma planta em “L”, a construção original foi preservada e o exterior foi revestido em madeira branca, das paredes ao telhado, conferindo um ar mais homogêneo, robusto e que realça as características mais encantadoras do que era o “rancho de pescador”. (Veja imagens da planta baixa) 

 

“Foi feito um envelopamento da casa para proteger a construção original, criando um ‘pulmão’ entre o revestimento de madeira e as paredes do antigo rancho. Conseguimos manter as marcas presentes na estrutura do local, valorizando a herança do espaço e deixando que elas contassem de forma poética toda a história vivida nele”, explica Bordin.

 

De acordo com o arquiteto, trata-se de uma casa energizada pelo mar, pelo vento e pela rota do pôr-do-sol. “A planta em ‘L’ se deita no solo como um ser vivo, preguiçoso e calmo, como uma brisa amena, ativa e zelosa e nosso papel, como arquitetos, é reconhecer essas características, preservando a história e destacando as suas potencialidades”, ressalta.

Todos os materiais usados neste projeto são naturais, madeira, pedra, algodão e linho dão o tom orgânico e aconchegante ao ambiente que tem uma área social que desemboca na praia, com a vista para o mar emoldurada pela janela da sala de estar, com 3 x 2.10 metros de altura. As peças de design brasileiro se organizam em torno da tela viva. Sem portas e paredes entre os espaços, o conceito de Bordin traz a brisa do mar atravessando a planta fluida e integrada.

 

Na cozinha, uma bancada de mármore de aspecto maciço também faz alusão à herança da arquitetura regional, com acabamentos arredondados, sem quinas vivas, que se estende e encontra a mesa de jantar, propondo uma configuração linear onde os usos de estar e jantar se complementam.

 

Entre o living e o quarto, a separação se dá por conta da diferença de níveis e a mudança do revestimento do piso, que recebe assoalho de madeira maciça na cor branca em contraposição ao lajão de pedra caxambu das áreas de jantar, estar e cozinha.  Outro elemento que divide estes espaços é o biombo Brisa de desenho autoral, a peça é um grid de madeira e vidro e dentro de cada uma das molduras possui aquarelas que ilustram diferentes tipos de conchas do artista catarinense Nestor Jr.

 

O quarto com vista para a imensa raiz da árvore centenária do jardim traz mais uma característica da “Casa Brisa”, que faz alusão às raízes em sua arquitetura e detalhes. Por falar em raízes, outra característica do profissional é o uso de objetos repletos de história e que agregam valor sentimental aos ambientes, como é o caso de um relógio de mesa que pertencia a sua avó e que sempre está presente em seus projetos em exposições. “Estas peças assim como as poltronas de época do living, garimpadas pelo arquiteto, de Jorge Zalszupin e Joaquim Tenreiro, trazem alma ao espaço, peças carregadas de vivência e história, que fazem resgate as referências do design e de cultura do passado”, destaca Bordin.

 

Ainda no quarto, a “Cama Veleiro” desperta o imaginário náutico e foi desenhada exclusivamente pelo Studio Gabriel Bordin. Outro diferencial do projeto é a integração da área de banho com o dormitório, dividida por cortinas translúcidas.e que dão acesso à banheira, externa e integrada ao paisagismo, para um banho a céu aberto.